Documentários

O filme Superquadras (2014) deriva do longa-metragem Parece que existe (2010), de Mário Salimon. Para dar vida à narrativa, o diretor filmou alguns lugares de Brasília. Durante a edição, as imagens da cidade trouxeram de volta o encantamento pelos desenhos dos conjuntos habitacionais que fazem do Plano Piloto um lugar único. Com a ajuda do professor e fotógrafo Marcelo Feijó, Salimon coloca em foco o urbanismo de Lucio Costa para contar parte da história da construção da capital.

O documentário é uma compilação elucidativa dos depoimentos de Elder Rocha Lima, Gabriela Tenório, Frederico de Holanda, Luis Humberto Martins, Paulo Coelho Ávila, Frederico Fósculo e Marcio Henriques. Os arquitetos falam sobre a experiência modernista e também sobre a vivência deles com a cidade. “Por um tempo, trabalhei como guia turístico. Levava os turistas para conhecer a 308 Sul, a quadra melhor finalizada, padrão. A ideia do filme era problematizar, pesquisar a origem dessa experiência urbanística, contar a história das superquadras. Um dos cortes possíveis era a visão dos arquitetos”, conta Salimon.

“Foi natural concretizar esse projeto. A gente tem um encanto por Brasília, mas, ao mesmo tempo, temos uma visão crítica preocupada com a cidade. A ideia da superquadra é algo que perpassa a nossa vida e nossa reflexão sobre a cidade. O projeto residencial deu certo, mas ficou incompleto. Tentamos defender, no filme, que preservar Brasília é completar o Plano Piloto. A gente precisa repensar a capital e reinterpretá-la”, reflete Marcelo Feijó.

Conjunto padrão

Além de trazer uma visão analítica sobre o período que antecedeu o projeto urbanístico e a concretização dele, o curta coloca na pauta a discussão sobre a expansão descontrolada dos empreendimentos imobiliários. “Brasília não é só arquitetura. Junto ao projeto arquitetônico, há concepções de nação, modelo educacional e modo de vida. Isso foi sendo esquecido com o passar dos anos em detrimento do interesse econômico. Houve um desgaste da vida urbana, de um modo geral”, afirma Mário Salimon.